A partir do
estudo do artigo “A travesti e o profissional de Enfermagem: humanização como
contribuição para diminuir o preconceito e promover o respeito à expressão e
identidade de gênero”, podemos perceber que as travestis são atendidas pelos
profissionais de Enfermagem com discriminação, preconceito, falta de respeito e
atenção. A seguir são algumas falas dessas pacientes retratando a forma como
percebem, lidam e são atendidas por esses profissionais em centros de saúde e
hospitais da rede pública de Salvador.
[...] eu nunca
precisei me internar, mas nos postos que eu vou o atendimento é bom, mas a “piadinha”
a gente nunca deixa escutar. (Informante 3).
[...] tem umas
enfermeiras gente boa! Mas, têm outras que “ninguém merece!” Parece que a gente
é bicho de outro mundo. (Informante 2)
[...] é horrível,
pois apesar de já ter pedido para que colocasse em cima de minha ficha o meu
nome social, nunca fui atendida. Parece que o negócio é feito de propósito, prá
humilhar a gente. (Informante 2).
[...] deviam respeitar
os direitos humanos que todos nós temos. Pois eu acho que cada um tem o direito
de ser o que é. Nem por isto, a gente deve ser humilhada. É um gesto simples e,
a gente saia de lá bem mais satisfeita, não é? (Informante 5).
[...] sempre me chamam pelo nome da
identidade. É muito constrangimento que a gente passa. É hora mais
constrangedora, principalmente quando a gente precisa ser internada, pois
sempre botam a gente nas enfermarias de homem. O constrangimento seria menor se
botasse a gente junto com as mulheres. Será que todo esse vexame que a gente
passa não piora o nosso quadro quando tamos internadas? (Informante 6).
[...] Já sim!
Porque travesti [...] eles têm como se fosse um bicho do mato [...] uma coisa
do outro mundo, pois devem se acostumar, pois somos seres humanos como qualquer
um! Tenho uma amiga que tá com suspeita de câncer de próstata e, ela me disse
que sabe que vai morrer, mas não vai mais ao médico. Ela disse que riram de sua
cara. Como pode uma pessoa que se apresenta como mulher ter próstata. Isso é o
fim do mundo! A mona disse que teve vontade de se suicidar. Já pensou? (Informante
2).
[...] Imagine só, que uma enfermeira, chegou
prá mim e disse que eu devia ter vergonha de ser homem e, tá vestido de mulher.
Que no tempo dela (ela aparentava ter uns 50 anos) eu tinha apanhado de pau e,
muito. Muito mesmo! Pense aí! Será que isso não é preconceito? Saí de lá arrasada!
Nunca consegui esquecer dessa cena (a fala foi interrompida por episódio de
choro). É como se fosse hoje. (Informante 5).
Percebemos que ainda
há diversas polêmicas sobre o assunto e os próprios profissionais de saúde têm
muitas dificuldades ao lidar com isso. O SUS tem criado várias campanhas de
incentivo a prevenção do preconceito. Mas são necessárias grandes mudanças,
para melhor atendimento as travestis, pois estas tem direitos, garantidos por
lei, de serem atendidas pelo nome pelo qual prefere ser chamada, com
humanização, sem discriminação, restrição e negação.
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