quarta-feira, 27 de novembro de 2013

SUS X TRAVESTIS


A partir do estudo do artigo “A travesti e o profissional de Enfermagem: humanização como contribuição para diminuir o preconceito e promover o respeito à expressão e identidade de gênero”, podemos perceber que as travestis são atendidas pelos profissionais de Enfermagem com discriminação, preconceito, falta de respeito e atenção. A seguir são algumas falas dessas pacientes retratando a forma como percebem, lidam e são atendidas por esses profissionais em centros de saúde e hospitais da rede pública de Salvador.
[...] eu nunca precisei me internar, mas nos postos que eu vou o atendimento é bom, mas a “piadinha” a gente nunca deixa escutar. (Informante 3).
[...] tem umas enfermeiras gente boa! Mas, têm outras que “ninguém merece!” Parece que a gente é bicho de outro mundo. (Informante 2)
[...] é horrível, pois apesar de já ter pedido para que colocasse em cima de minha ficha o meu nome social, nunca fui atendida. Parece que o negócio é feito de propósito, prá humilhar a gente. (Informante 2).
[...] deviam respeitar os direitos humanos que todos nós temos. Pois eu acho que cada um tem o direito de ser o que é. Nem por isto, a gente deve ser humilhada. É um gesto simples e, a gente saia de lá bem mais satisfeita, não é? (Informante 5).
 [...] sempre me chamam pelo nome da identidade. É muito constrangimento que a gente passa. É hora mais constrangedora, principalmente quando a gente precisa ser internada, pois sempre botam a gente nas enfermarias de homem. O constrangimento seria menor se botasse a gente junto com as mulheres. Será que todo esse vexame que a gente passa não piora o nosso quadro quando tamos internadas? (Informante 6).
[...] Já sim! Porque travesti [...] eles têm como se fosse um bicho do mato [...] uma coisa do outro mundo, pois devem se acostumar, pois somos seres humanos como qualquer um! Tenho uma amiga que tá com suspeita de câncer de próstata e, ela me disse que sabe que vai morrer, mas não vai mais ao médico. Ela disse que riram de sua cara. Como pode uma pessoa que se apresenta como mulher ter próstata. Isso é o fim do mundo! A mona disse que teve vontade de se suicidar. Já pensou? (Informante 2).
 [...] Imagine só, que uma enfermeira, chegou prá mim e disse que eu devia ter vergonha de ser homem e, tá vestido de mulher. Que no tempo dela (ela aparentava ter uns 50 anos) eu tinha apanhado de pau e, muito. Muito mesmo! Pense aí! Será que isso não é preconceito? Saí de lá arrasada! Nunca consegui esquecer dessa cena (a fala foi interrompida por episódio de choro). É como se fosse hoje. (Informante 5).
Percebemos que ainda há diversas polêmicas sobre o assunto e os próprios profissionais de saúde têm muitas dificuldades ao lidar com isso. O SUS tem criado várias campanhas de incentivo a prevenção do preconceito. Mas são necessárias grandes mudanças, para melhor atendimento as travestis, pois estas tem direitos, garantidos por lei, de serem atendidas pelo nome pelo qual prefere ser chamada, com humanização, sem discriminação, restrição e negação. 

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